domingo, 11 de março de 2012

Contribuintes...

Quando um destes dias em conversa de almoço com uns nativos de Melgaço, Castro “Laboreiro” (para ser mais preciso) fui dando conta que estes têm alguma apetência por comprar bens na vizinha Galiza.

Num tom mais especulador e um pouco intrigado indaguei na tentativa de saber a razão para tal atitude.

A Resposta não se fez esperar, assertiva quanto baste para a minha indignação…

Referem os ditos Portugueses, que país é este que nos obriga a deslocar “cento e trinta Km para uma consulta médica de especialidade, “Braga” esta viagem obriga a pelo menos três transportes, isto claro para quem não tem meios próprios “a maioria, no caso” o custo ronda os vinte €, um indevido que tenha um familiar internado na dita unidade hospitalar para uma visita tem que despender no mínimo de três horas para cada lado.

Se a opção recair por uma unidade galega os custos e a despesa caem para vinte e cinco por cento dos valores referidos.

Os meus camaradas de refeição não se ficaram por aqui, e, em jeito de pergunta indagaram “sabes qual a distância em linha recta entre Melgaço e Bragança? Encolhi os ombros, um deles afirmou: cerca de cento e cinquenta Km, “não retorqui pois pareceu-me que os valores estariam mais ou menos correctos,” de seguida pergunta-me de novo sabes quanto tempo nos leva a chegar a Bragança, (ou seja os tais cento e cinquenta Km,) nem tive tempo de pensar “cinco horas meu caro” afirmou; E é preciso uma grande máquina caso contrário, podes bem somar mais uma ou duas, se não quisermos pisar terra Galega temos que percorrer duzentos e cinquenta Km.

E se a opção for seguir por território Espanhol “Galego”? Bom por aí é menos, cento e trinta Km e menos duas horas e meia, fiquei um pouco a pensar e tive que dar a mão a palmatória afinal têm razão, afinal este país esqueceu-se de muitos dos seus cidadãos, de algumas das suas terras!

O tema não ficou por ali, de seguida vieram as condições comercias dos combustíveis e viveres de primeira necessidade, “ Abismal a diferença” e como não podia deixar de ser lá veio a provocação; “Como vez” nós não temos direitos, “nós” não protestamos sem razão, repara onde se construíram as vias rápidas, todas nos centros mais industrializados, muitas delas, uma em cima de outra, ou então com várias alternativas, e nós? Já reparaste que chegamos mais depressa a Lisboa, Corunha, Barcelona, que a Bragança ou Chaves!

 “Se temos que passar por terras galegas porque não entendermo-nos com eles!”

Por aqui só vemos algum governante Luso em tempo de eleições, lá aparece um ou outro na feira do alvarinho e fumeiro, depois somos completamente esquecidos, lá aparecem uns artistas de quando em vez para descerem os rápidos do Minho em botes mas praticamente nem fazem despesa…

 “É triste este país, tão pequeno e tão diferente, um país onde a escassos oitenta Km do mar não há condições de sobrevivência, um país só interessado em manter o Litoral como referencia e que retira todas as condições ao interior para que a sua população se mantenha…

Acabaram com a via-férrea, fecharam as escolas e centros de saúde, televisão quase só a que chega do outro lado da fronteira, telemóvel é um utopia… Não há um cinema quanto mais um teatro enfim um país de contrastes, industria é um paradoxo, “qual o louco” que investe por aqui.)

 “Não me recordo de em tão pouco tempo ter abanado tantas vezes a cabeça em sinal de concordância, mesmo que nunca tenha ido muito à bola com os galegos”

(Bom, será que ainda há razões para protestarem contra as portagens, pelo menos quando há alternativas?)

“Ouvi e calei, afinal nem estamos tão mal como parece, pelo menos em relação a muitos outros contribuintes como nós.”

1 comentário:

  1. Devíamos ser cidadãos com direitos e deveres, mas passámos a ser apenas números... quantos eles podem "chupar"... depois até temos um nome bonito... contribuintes.

    Bjos

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