sábado, 25 de abril de 2009


UM AMIGO.




Nesta altura de crise de finanças e valores todos pensamos um pouco mais na realidade em geral, no presente, no passado e como não podia deixar de ser um pouco no futuro.
Do futuro nada sabemos pois está para além da nossa imaginação, o presente vivemo-lo como podemos sempre na ânsia de sermos felizes,  muitas vezes nem damos conta de quem está ao nosso lado ou de quem deixamos para traz.
Um dia destes dei comigo a pensar em algo que fui esquecendo inconscientemente e que deveria estar mais presente na minha memória. Pelo tempo que passamos juntos, pelos dias de solidão lado a lado sem nunca ouvir uma reclamação do guisando, sabendo eu que sempre fui um pouco difícil, sempre revoltado com a vida e ele nunca se queixou, bem sei que me pregou algumas partidas como aquela vez que me roubou a minha primeira bola de borracha que veio não sei bem de onde, depois de saber perfeitamente que eu não tinha outra, e que foi puro azar a tabela que a mesma fez num esteio da ramada, mais sabia perfeitamente que eu não a podia seguir muito tempo, nem uma grande distancia pois o gado que guardava podia assaltar as couves do batatal, pois mas tinha a compensação da sua companhia dos banhos nas suas águas límpidas e frias. Claro que se me lembrar da cabana feita de copas de palhas que me levou, quando rapidamente galgou as margens num dia mais chuvoso, e sabia, perfeitamente, o trabalhão que eu tivera a construi-la. Pois mas nunca reclamou comigo quando eu era capaz de roubar um ou outro peixe, sempre me deixou ganhar as regatas de barcos de papel, ainda que só os meus barcos concorressem. Mas também fazia as suas malvadezes, ai fazia fazia se assim não fosse tinha-me devolvido aquela ninhada de gatos que a minha mãe atirou para as suas límpidas águas, tinha obrigação de mos devolver, mas não foi um ato de malvadez.
Passaram os anos eu cresci e esqueci-me de ti, quantas vezes passei sobre as tuas pequenas pontes, sem tão pouco te olhar com atenção, sem me recordar um momento que fosse do nosso passado em conjunto, sem reparar que estás igualzinho, tantos anos depois.
Eu vou envelhecendo com o passar dos anos e tu não mudas em nada felizmente continuas impávido e sereno como sempre foste, as tuas águas continuam límpidas e frias como sempre foram, continuas a irrigar os lameiros como sempre fizeste só já não fazes mover os moinhos e as serrações como no passado porque as pessoas são cada vez mais parvas, pois a tua força motriz continua igual, as pessoas, essa é que tal como eu se esqueceram de quanto to és importante para todos nós
Sabes apesar de tudo, apesar de me ter esquecido de ti todos estes anos, eu tenho agora a certeza que to guisando ainda és meu amigo!

Sem comentários:

Enviar um comentário