quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ALMOÇO BEM DIFERENTE.

Ele há dias assim!

Hoje cheguei a um cliente muito em cima da hora do almoço, e como tinha de arranjar maneira de passar noventa minutos, ou voltar após a hora de almoço aderi a juntar-me ao pessoal em causa (fui avisado o restaurante é um tudo-nada “mafioso").

Chegados ao local, percebi rapidamente a razão de tal apelido, uma sala de jantar onde outrora fora talvez uma vacaria, uma mesa com dimensões suficientes para duas equipas de futebol, um só prato disponível “tipo ou pegas ou largas”.

Rojões para todos, ninguém contestou, um só cesto de pão, aí uns cinco quilos de várias variedades (todo corria bem até ao momento em que a dona Cecília me fisgou por entre o povo), quem é tu meu marialvas?

Está comigo, respondeu um dos meus improvisados companheiros, pois, pois, não será ele dos azais, é que se for, ides todos comer pró c… ouvistes bem!

Não, minha senhora não sou, respondi, sem no entanto não ouvir como resposta tens cara de mafioso, não sei não.

Chegou por fim o almoço, uma só travessa do tamanho do mundo, o povo logo se atirou a resgatar a sua parte, (espero que nenhum deles leia isto, mas pareciam presidiários ou refugiados) achei grassa mas contive-me o mais possível para não dar bronca, a senhora Cecília aparentava umas seis sete décadas e tinha como ajudante uma outra de talvez metade da sua idade ou um pouco menos, com a qual resmungava por todo ou por nada, no meio da algazarra alguém atirou “deixe a miúda em paz”, logo a senhora me fitou como se eu fosse o responsável pela tirada, eu já te mirei ouviste!

Passou a bronca chegou a sopa, uma terrina que quase dava para tomar banho, tudo calmo até à hora da sobremesa, tenho maçãs e marmelada o queijo não chega para todos por isso nada feito não come ninguém, querem maçãs ou marmelada, não quis nada pois as maçãs também não chegaram para todos, fiquei marcado!

Quando o pessoal saiu sem pagar, pois paga ao fim de cada mês ou semana, perguntei quanto devo minha senhora, paguei e ouvi um sermão final “eu é que sei como lidar com a empregada, não preciso dos seus conselhos percebeu, sim percebi respondo em tom baixo, fique sabendo que as mulheres são como o vinho verde! Como retorqui, é mesmo assim ou se gasta novo ou se estraga na pipa percebe? Sim, sim, sim…

“Foi uma refeição bem diferente, com alguma aprendizagem”.

Aprendi que nunca de recusa uma talhada de marmelada, e quando não nos defendemos ficamos com as culpas.

Fica no entanto um reparo, mesmo nestas condições e com aranhas à vista, com os pratos a aparentarem muito desgaste ,as tigelas do tinto bastante gastas… os rojões estavam excelentes.

1 comentário:

  1. Com rojões bem feitos e quantidade na sopa e no pão... desses restaurantes, só existem mesmo no Norte do País, por aqui é tudo servido no pratinho e cada vez é mais pequeno para parecer muito ;)

    Bjos

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